quarta-feira, 27 de julho de 2011

OS CICLOS DA NATUREZA E A HISTÓRIA DOS CALENDÁRIOS


Se alguém perguntar quantos dias faltam para começar a primavera, a resposta será muito simples de ser obtida. Basta consultar um calendário e contar os dias. Todos sabem que um ano é composto por 365 dias e esse é aproximadamente o tempo que a Terra leva para dar uma volta completa em torno do Sol. Os meses e os anos fazem parte do nosso cotidiano!

Mas vamos fazer um ensaio. Como seria prever as próximas férias de verão sem um calendário? Vamos complicar um pouco mais. Suponha que também não tenhamos conhecimento sobre o número de dias que compõem os meses, nem o número de meses que compõem um ano. Aí a situação fica difícil!

Pois é, esse foi um problema prático enfrentado pela maioria dos povos na Antiguidade. As civilizações que desenvolveram práticas agrícolas foram obrigadas a pensar sobre isso e a obter meios de determinar o ciclo das estações.

Tudo o que eles sabiam era que a natureza funcionava em ciclos que podiam ser observados nas plantas e nos animais, como a época dos frutos e das flores das árvores e do acasalamento dos animais. Os povos foram percebendo que havia uma relação direta entre a configuração do céu e os ciclos da natureza. Várias ações práticas no cotidiano, como a melhor época para o plantio, dependiam de um calendário preciso. Assim foi necessário coletar e organizar dados sobre o Sol, sobre a Lua e sobre as estrelas. A confecção do calendário foi sem dúvida uma conquista das mais importantes na história da humanidade.


QUAL A RELAÇÃO DE UM CALENDÁRIO EFICIENTE COM O DESENVOLVIMENTO DE UMA CIVILIZAÇÃO?

Praticamente todos os povos organizaram formas de contagem do tempo. Muitos deles desenvolveram calendários que buscavam medir a duração das estações do ano. O mais antigo calendário conhecido data de 2000 a.C., quando os babilônios produziram um calendário com base nos ciclos (meses) lunares. Eles determinaram que a Lua demora entre 29 e 30 dias para completar um ciclo (de cheia a nova, retornando a cheia novamente). Construíram então um calendário de 12 ciclos da Lua (meses), perfazendo um total de 354 dias, esse calendário só funcionava por alguns anos. Os babilônios rapidamente perceberam isso e acrescentaram alguns dias extras no seu calendário, adicionando um mês chamado de “intercalar”. Como não tinham nenhum outro critério para isso, a inclusão de dias não seguia uma regra específica.

Outro povo muito preocupado com a determinação do ciclo anual foi o egípcio. Os egípcios produziram um calendário mais preciso que o dos babilônios por causa da associação feita entre a época da cheia do Nilo e o aparecimento da estrela Sirius no céu depois de um longo período. Com essa informação, eles puderam determinar que era necessário 365 dias para completar um ciclo anual.

Esse ciclo é definido pelo movimento de translação da Terra e pode ser determinado a partir da observação do movimento do Sol ou das estrelas ao longo do ano, dia após dia ou noite após noite.

O calendário egípcio foi dividido da seguinte forma: 12 meses de 30 dias (360 dias) e mais 5 dias que eram feriados destinados a festejar cinco deuses.

Com isso o problema do calendário parecia resolvido. Mas havia algumas horas a mais que faziam com que, a cada 100 anos, esse calendário se defasasse 25 dias (100 x ¼ = 25). Como a civilização egípcia se manteve por milhares de anos, para acertar o calendário, essa defasagem precisou ser corrigida. Assim eles eram obrigados a incluir novos dias de tempos em tempos.

Se lembrarmos bem, nosso calendário recente recebe uma data extra a cada quatro anos. Nos anos ditos bissextos, aparece o dia 29 em fevereiro. Isso porque sabemos hoje que o ciclo anual tem 365 dias e aproximadamente 6 horas (365 dias e ¼). Essas horas a mais a cada 4 anos são iguais às 24 horas do dia extra de fevereiro.

Dependendo da posição em que nos encontramos na Terra, vemos que algumas estrelas aparecem no céu noturno em determinadas épocas, para depois ficarem muito tempo sem aparecer. Esse fato foi observado pelos antigos egípcios em relação a estrela Sirius, por exemplo. Também podemos observar as mudanças de fase da Lua, como os babilônios, e assim compreender a elaboração do seu calendário. Porém, a maneira mais fácil de perceber o ciclo anual e as estações é acompanhando o movimento anual do Sol. Poucos de nós, que vivemos em cidades, se dão conta de que o Sol muda sua posição ao longo do ano. No inverno, ele nasce e se põe mais ao norte, descrevendo uma trajetória mais baixa e menor no céu. Já no verão, ele nasce e se põe mais ao sul, erguendo-se mais alto no céu e descrevendo uma trajetória maior. Isso é claro, supondo o observador no Hemisfério Sul.

Nossa herança de país colonizado muitas vezes nos faz lançar olhares para a história de civilizações do outro lado do Atlântico, esquecendo-nos de outras mais próximas. Na América Central, os maias, que viveram por volta de 300 a.C., já dispunham de um calendário quase tão preciso quanto o atual. A medida dos ciclos anuais do Sol tinha uma importância muito grande na sua religião, e eles foram muito cuidadosos com sua determinação.

Os sacerdotes utilizavam observações muito precisas do Sol, da Lua e de Vênus para determinar o número de dias do ano. Ao cruzar informações desses três astros, eles determinaram um calendário com 360 dias divididos em 18 meses de 20 dias, e ainda uma regra complicada para se acrescentar, de tempos em tempos, mais 5 dias, chamados de “ dias do mau presságio”. Dessa forma, seu calendário mantinha-se atualizado por muito tempo, permitindo determinar corretamente as épocas do plantio e, principalmente, suas datas religiosas.


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