quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Escolha da carreira deve estar baseada na vontade do estudante; veja mais dicas

Carla Hosoi
Especial para o UOL
Em São Paulo

Optar por uma carreira profissional pode ser uma das escolhas mais angustiantes da vida, principalmente para quem é “obrigado” a viver esta definição pela primeira vez.

Como diz Yvette Piha Llehman, coordenadora do Serviço de Orientação Profissional do Instituto de Psicologia da USP (universidade de São Paulo), escolher é difícil, é conflitante, envolve riscos e não tem nada a ver com maturidade ou imaturidade. “É a hora de crescer, de se responsabilizar pela primeira decisão importante da vida. Passar para a vida adulta, buscar uma identidade social, escolher uma profissão é como nascer de novo . E toda novidade dá medo e envolve angústias”, esclarece a psicóloga.

A decisão é do estudante

Portanto, não há nada a fazer senão encarar os fatos. Com mais ou menos ansiedade, o que importa mesmo é ter consciência de que esta possibilidade de escolha corresponde a um momento novo e que pertence muito mais a quem escolhe do que a qualquer outra variável influente neste processo. “Não adianta considerar apenas as expectativas externas. O mercado, a sobrevivência, o status ou o que os pais gostariam que os filhos fossem. Uma escolha sem afeto e sem sentido não é feita em defesa da profissão. O ponto central deve ser o gosto por determinada carreira, a satisfação, o respeito e o orgulho que virá das conquistas dessa escolha. Só sobrevive bem o profissional que gosta daquilo que faz”, alerta a coordenadora.

Mas em meio a tantas pressões (social, familiar, a aprovação no vestibular, realização pessoal versus mercado de trabalho) características desta fase, algumas dicas práticas e menos filosóficas certamente são valiosas. Segundo Silvio Bock, orientador vocacional e vice-presidente da Abop (Associação Brasileira de Orientação Vocacional), três grandes aspectos devem ser refletidos e ponderados neste momento:

  1. o conhecimento das profissões, através da busca de informações em sites, conselhos profissionais, guias de carreiras, conversas com profissionais visando uma abordagem mais aprofundada,

  2. a auto-reflexão, baseando-se na própria personalidade,

  3. a reflexão sobre o que anda acontecendo no mercado de trabalho, questionar profissões em alta, em baixa, estatísticas,conhecer o cenário do país em que se dará essa profissionalização.

“É comum ouvir algo do tipo: vou cursar engenharia porque gosto de química e matemática, por exemplo. Ou que eu gosto muito de tal profissão mas o mercado não está bom. Argumentos como esses são muito frágeis, representam apenas um ponto de vista, uma impressão. É preciso de armar de muitos argumentos porque é muito fácil cair em contradição. Por isso exige tanta reflexão e busca de conhecimento”, reitera o orientador.

O amplo leque de opções profissionais e também a alta rotatividade dos empregados no mercado de trabalho são duas realidades que muitas vezes estimulam as incertezas, tornando o processo de escolha ainda mais complexo. Decidir por uma carreira mais generalista para depois se especializar ou ser especialista e depois se graduar? E de que maneira a acessibilidade ao mercado é mais garantida e possibilita melhores transições?

Considere um curso técnico

Nem mesmo os especialistas entram em consenso para responder a essas questões. Para Carla Virmond Mello, diretora da empresa ACTA – Carreira, Transição e Talento, deve-se questionar a necessidade de se cursar uma graduação, já que os cursos técnicos oferecem hoje uma empregabilidade com rápida absorção pelo mercado de trabalho e salários muitas vezes superiores. “Vale ressaltar que nem todo mundo tem perfil para ocupar cargos de liderança. A ânsia de comandar, inspirar, sem operacionalizar acabou imperando ao longo desses 10,15 anos. Muitas lacunas foram criadas por conta desse pensamento. Por isso, acho essa reflexão fundamental pois existe uma demanda por profissionais técnicos, correspondendo a uma alternativa viável para quem realmente necessita de um emprego”, argumenta Carla.

Já segundo o professor James Wright, da FEA (Faculdade de Economia e Admisnistração) da USP e coordenador do programa Profuturo (Programa de Estudos do Futuro) da FIA(Fundação de Instituto de Administração), nem sempre os cursos de nível técnico correspondem a uma opção economicamente mais acessível, já que muitos têm preços elevados. “Dados mostram que quanto maior o tempo de estudo, maior é a renda. Na minha opinião, estudar ainda é a melhor garantia de sucesso”, defende o professor.

Mas em um ponto, psicólogos, orientadores profissionais, consultores de carreira e professores concordam: a escolha profissional, principalmente hoje, é mais um ponto de partida do que uma definição para a vida toda. Uma ressalva, no entanto, é essencial para que o comprometimento não se perca e a importância da escolha seja diminuída: o sucesso ou frustração dependem do esforço, do trabalho, da realização, da responsabilidade sobre a escolha feita. “O mundo adulto pode ser monótono, complicado, competitivo. Ou seja, está cheio de dificuldades que precisam ser enfrentadas como parte fundamental do crescimento”, alerta o orientador profissional Silvio Bock.

VEJAM QUE PROFISSÕES COMBINAM COM SUA PERSONALIDADE

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Ser ou Ter?

Nossa correria diária não nos deixa parar para perceber
se o que temos já não é o suficiente para nossa vida.
Nos preocupamos muito em TER: ter isso, ter aquilo, comprar isso, comprar aquilo.
Os anos vão passando, quando nos damos conta, esquecemos do mais importante que é VIVER e SER FELIZ!
Muitas vezes para ser Feliz não é preciso Ter,
o mais importante na vida é SER.
As pessoas precisam parar de correr atrás do Ter
e começar a correr atrás do SER: Ser Amigo, Ser Amado, Ser Gente.
Tenho certeza de que, quando SOMOS,
ficamos muito mais Felizes do que quando Temos.
O SER leva uma vida para se conseguir
e o Ter muitas vezes conseguimos logo.
O SER não se acaba nem se perde com o tempo,
mas o Ter pode terminar logo.
O SER é eterno,
o Ter é passageiro.
Mesmo que dure por muito tempo,
pode não trazer a Felicidade...
E é aí que vem o vazio na vida das pessoas...
Por isso, tente sempre SER e não Ter.
Assim você sentirá uma Felicidade sem preço!
Espero que você deixe de cobrar o que fez e o que não fez nos últimos anos
e que você tente o mais importante:
SER FELIZ

Emilio Lopez: A raiz da violência na escola pública paulista

por Emilio Carlos Rodriguez Lopez

O jornal Estado de S. Paulo do dia 1º de agosto trouxe a informação que 62% da rede estadual enfrenta problemas de violência dentro do ambiente escolar, de acordo com relatos dos próprios diretores. São roubos, depredações, pichações, violência contra professores, alunos, e funcionários e até brigas entre estudantes. Hoje a rede tem aproximadamente 5271 escolas, ou seja, 3268 escolas tiveram cenas de violência, que como a matéria mostra se tornou algo do cotidiano escolar.
Ocorre que este problema tem uma raiz mais profunda: a ausência do Estado nas escolas e a conseqüente ausência da autoridade na rede estadual. Devemos lembrar que o governo do Estado na gestão desastrosa de Rose Neubauer/Mário Covas promoveu uma série de reformas educacionais, que visavam “economizar recursos para o cofre do Tesouro Estadual” e alcançar as famosas metas de superávit primário, deste modo é que se implanta a aprovação automática.
A pretensa economia visava diminuir os índices de repetência e evasão. No fundo, foi transferido para a sociedade e empresas o custo de reciclar a mão de obra, devido às precárias condições de ensino oferecidas. Desta forma, em 2010, a secretaria de Educação gastou R$ 18 bilhões e por aluno a despesa chegou a 4,4 mil reais por ano. Como hipótese, se devido a má formação recebida na escola, as empresas tiverem de aplicar vinte por cento dos gastos realizado pela secretaria de Educação, isto representaria R$ 3,6 bilhões por ano. Isto implica no aumento do custo São Paulo para que se possa cobrir as deficiência da educação pública paulista.
A garantia da não repetência, ou seja, o “passa-passa” nas escolas públicas de São Paulo na Educação simbolizou para os alunos a possibilidade de agir na escola com a certeza de que não haverá consequência. A sensação da impunidade, aliada a destruição de laços familiares, do desmoronamento de valores éticos e do avanço do crime organizado levaram a rede estadual a se transformar em um depósito de alunos e não em escolas. Por isso, as más notas e a baixa qualidade educacional.
Para que a Educação dê frutos é necessário disciplina e respeito entre professor e aluno; e para isto é preciso que o Estado esteja presente no cotidiano escolar, coíba a violência contra o educador, melhore as condições de trabalho e permita que o professor seja professor, e não um mero estafeta que cuida do amontoado de alunos.
Além do mais, vivemos um sistema que o bom aluno é punido, visto que entre que ele e o mau aluno passam igualmente de ano, com isso, o mérito do bom aluno e esforço de aprender são jogados na lata do lixo. Uma rede que apenas quer dar conta de tirar o aluno da rua e não educa-lo, só pode ser ineficaz e ser o reino completo da violência e da barbárie.
A primeira providência neste sentido seria o fim do grotesco modelo do ciclo-série paulista, uma mistura de série e ciclo, feita para promover a economia de recursos para o Tesouro Estadual. Neste momento, o melhor seria a volta da seriação que contribuiria para diminuir a sensação de impotência do educador e início da restauração da autoridade.
Antes de qualquer coisa é preciso lembrar que autoridade não quer dizer autoritarismo. A idéia de autoridade estava vinculada ao direito legítimo do exercício do poder e ao seu valor pessoal. Já o autoritarismo, tem de ver com o despotismo, o domínio pela força física e violência, que pressupõe a ausência do diálogo, como condição fundamental para o exercício democrático. O autoritarismo se manifesta quando a autoridade é surda para os demais e se impõem pela força, e não por um conjunto de idéias.
Nos 16 anos do PSDB temos visto muito autoritarismo e pouca autoridade, basta citar as constantes violências sofridas pelos educadores na escola, veiculada pela mídia. Por que o Estado usa polícia para punir o professor ou servidor que faz greve e o mesmo governo não oferece segurança para o funcionário público poder exercer a sua função??? Quantos professores não se encontram desiludidos por não poderem repartir o que levaram anos estudando?
A mídia muitas vezes faz o papel que este Estado ausente da escola quer: responsabiliza o professor pela crise na Educação e faz a grande transformação: de vítima passa a ser o responsável pelo caos. Quanto ao governo, este não é responsável pelo que ocorre.
A melhora na Educação passa por fortalecer o núcleo familiar e melhorar as relações humanas. Os pais deveriam lembrar que dinheiro nenhum paga a atenção e o carinho com os filhos. Lembro ainda, que segundo pesquisa da Unicamp publicada a dois anos atrás, 70% da educação depende da família; inclusive o hábito de leitura se aprende em casa. O aluno deveria ser burilado, mas agora querem que a escola faça o trabalho da família, mas isto é impossível devido às condições reinantes.
Creio, como foi mostrada em muitos lugares, quando a autoridade do Estado está presente à violência diminui. Como os tucanos adoram passar os problemas para os outros resolverem, já aviso, não há como terceirizar a autoridade.
Emilio Carlos Rodriguez Lopez é formado em História pela USP.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Jogo de encaixar

Para atrair talentos identificados com seus valores, empresas desafiam geração y com competições, redes sociais, problemas reais e até entrevista com o presidente


Carlos Lordelo e Cedê Silva - Especial para o Estadão.edu 20/08/2011

A estudante de Psicologia Renata Lima conseguiu estágio no Santander por sua participação em uma rede social. O publicitário Renan Tavares foi contratado pela multinacional L’Oréal após vencer uma competição acadêmica. A administradora Natália José virou trainee depois de apresentar suas credenciais ao presidente da Ambev.

Natália José, hoje com 24 anos, enfrentou entrevista com o CEO da AmBev - AmBev/Divulgação
AmBev/Divulgação
Natália José, hoje com 24 anos, enfrentou entrevista com o CEO da AmBev

O perfil do público-alvo dos programas de estágio e trainee das companhias de ponta não é o mesmo de 10 anos atrás. Em tempos de geração y, é preciso inovar, recorrendo às redes sociais e competições. Como as novas técnicas não eliminam as tradicionais etapas de análise de currículo, provas, dinâmicas de grupo e entrevistas, o leque de competências exigidas dos candidatos cresceu bastante.

Além disso, é preciso sofisticar a seleção para reter talentos. “As empresas procuram muitas vezes pessoas com o mesmo perfil – que, assim, podem escolher onde trabalhar”, diz a psicóloga Renata Damásio, consultora da Cia. de Talentos. A saída tem sido apostar na avaliação de valores para achar o candidato com a cara da companhia – o “fit cultural”.

A multinacional do segmento de limpeza Reckitt Benckiser adotou este ano a metodologia chamada brevetagem para selecionar trainees. Criou uma rede social na qual o candidato pode adicionar fotos e vídeos aos perfis e até “curtir” publicações dos colegas – como no Facebook. Por três meses, ele faz provas e outras tarefas, individuais e em grupo. Um software monitora as participações e atribui pontos, por exemplo, a quem usar palavras associadas a valores da Reckitt (empreendedorismo, conquista, espírito de time e sentimento de propriedade). “O processo dá trabalho”, diz o diretor de Recursos Humanos, Marcelo Nóbrega. “Não é para quem se inscreve em tudo que é programa.”

A brevetagem entrega um ranking de candidatos com perfil mais adequado. Tanto que a empresa precisou chamar menos pessoas para as etapas presenciais. No ano passado, 300 classificados disputaram 5 vagas; desta vez, dos 7 mil inscritos, 200 foram pré-aprovados para 8 vagas.

O resultado saiu na semana passada. Alexandra Romeo, de 22 anos, foi uma das aprovadas. “Estudei muito a empresa e lia bastante o que postavam no fórum”, conta a bacharel em Administração pela USP.

Reconstrução. O Santander foi mais radical no uso da web para recrutamento. Em 2009, encerrou seu programa de trainee corporativo e fez pesquisas para saber como melhorar a interação com o público jovem. O resultado foi a criação do site Caminhos e Escolhas, que já atingiu a marca de 100 mil cadastrados e ajudou na contratação de 828 funcionários.

A plataforma tem atividades como jogos e oficinas que simulam o dia a dia de um banco. Também permite bater papo com especialistas, tirar dúvidas sobre a carreira e interagir com outros estudantes. Os usuários ganham milhas de acordo com sua participação e são selecionados para avaliações presenciais. “Eles sabem como tudo funciona, como se já tivessem passado pela integração”, diz a vice-presidente de RH, Lilian Guimarães.

Aluna da Uninove, Renata Lima, de 22, navegava tanto no site que foi chamada a concorrer a um estágio no RH. Começou no emprego na semana passada. “Mesmo que não queira trabalhar no Santander, você encontra no site conhecimento que pode ser aplicado em vários momentos da vida.”

Outra maneira de atrair talentos é propor desafios. A companhia de soluções de engenharia e tecnologia da informação Chemtech, do Grupo Siemens, promove este ano a 10.ª edição de um projeto do qual participam 240 alunos de Engenharia e Ciências da Computação de 24 universidades.

A Maratona de Engenharia Chemtech começa com um treinamento a distância de três meses. Os estudantes aprendem a operar softwares e fazem provas. As dez universidades com melhor desempenho enviam duplas para a etapa final. Os três primeiros colocados ganham laptops e tablets e as faculdades recebem computadores e licenças de programas.

Depois da maratona, as duplas que se destacam são convidadas a fazer estágio na empresa. Segundo a coordenadora de RH, Cristina Maretti, 96% dos estagiários são efetivados. “Por isso fazemos uma procura tão refinada. A intenção não é buscar os mais competitivos, mas aqueles que conseguem apresentar o melhor resultado no tempo estabelecido.”

Vencedora da 1.ª edição da maratona, em 2004, a engenheira química carioca Aline Carvalho, de 29, entrou como estagiária na Chemtech e foi contratada no ano seguinte. O curioso é que ela já havia participado da seleção tradicional, mas foi eliminada na entrevista. “O formato torna mais eficiente a escolha, porque a contratação não acontece num bate-papo.”

Internacional. Renan Tavares, de 22, começou como estagiário na L’Oréal após vencer a etapa nacional do jogo de negócios Brandstorm, em 2009, quando estava no fim do curso de Propaganda e Marketing da ESPM do Rio. Seu grupo tirou o 3.º lugar na final mundial da competição, que reuniu universitários de 42 países na França.

Na época, Renan e seus colegas desenvolveram o conceito de um perfume. “O jogo é empolgante. Trabalhei quatro meses no projeto”, diz. “Você mostra seu diferencial e não depende da sorte na entrevista ou na dinâmica de grupo.”

Segundo a coordenadora de Recrutamento e Seleção da L’Oréal, Raquel Feijó, 56 estagiários já foram contratados por meio do Brandstorm. “O jogo exige dedicação e nos permite conhecê-los melhor.”

Há empresas que não dispensam um choque de realidade, a fase conhecida por painel de negócios. Realizada depois das dinâmicas de grupo, ela exige que recém-formados sugiram soluções para casos inspirados em situações reais enfrentadas pela companhia.

“Queremos ver como o candidato age diante de uma situação difícil, para a qual não aprendeu uma resposta pronta na faculdade”, explica Bernardo Mansur, gerente de Treinamento e Desenvolvimento da Camargo Corrêa. Na última seleção de trainees da construtora, 183 inscritos chegaram ao painel, disputando 32 vagas. “O candidato precisa conhecer o mercado e ter a mesma disposição para ir a obras em Rondônia, em Moçambique e na Linha 5 do Metrô de São Paulo.”

Engenheiro mecânico formado pela Unesp de Bauru, André Estronioli, de 23 anos, é um dos atuais trainees da Camargo Corrêa. Ele conta que, no painel, os grupos discutiram meios de tocar uma obra em local de difícil acesso, com logística complicada. Outro desafio era evitar a saída de operários. “Se a empresa não cumprisse prazos, teria de pagar multa.”

Na Whirlpool, dona das marcas Brastemp, Consul e KitchenAid, o candidato recebe um problema dias antes do painel e pode preparar a apresentação em casa. É avaliado pela objetividade e criatividade. O advogado mineiro Rafael Soares, de 25, da atual turma de trainees, estudou a empresa para não sugerir algo que já existisse. “Propus como uma das ações a criação de um site para aproximar a Whirlpool dos clientes.”

Ex-trainee da concessionária CCR AutoBan, o coordenador de tráfego Pedro Santos, de 30, diz que o painel é a hora de o candidato chamar a responsabilidade para si, mas de modo natural. “Se mudar a forma de agir, você até passa, mas depois vai ser ruim para sua carreira.”

Prova de fogo. E tem como agir naturalmente quando a companhia te põe cara a cara com o presidente? É isso que a Ambev faz como a última fase de sua seleção de trainees, à qual chegaram 65 pessoas no ano passado – de um total de 72 mil inscritos. De um lado, sentam seis candidatos. Do outro, o presidente da Ambev e cinco vice-presidentes.

“Ninguém melhor que as pessoas que tomam as mais importantes decisões para dizer quais candidatos se identificam com a nossa cultura”, diz Isabela Garbers, trainee em 2008 e hoje gerente de Recrutamento e Seleção da Ambev.

Trainee em 2009 e atual gerente de Marketing da Brahma, Natália José, de 24, dá sua receita para se sair bem na entrevista final. “Converse com eles como se fossem pessoas normais, porque eles estão ali para te ajudar.”

TRADICIONAL
O que é
Seleciona os candidatos por meio de triagem de currículos, provas online, dinâmica de grupos e entrevista
Empresa que usa General Electric
Dica Faça exercícios de lógica e inglês e informe-se sobre a empresa para se destacar na dinâmica de grupos

PAINEL DE NEGÓCIOS
O que é
Grupos apresentam soluções para casos inspirados em situações reais da companhia
Empresas que usam Camargo Corrêa, CCR, Gerdau, FCA, Unilever, Volkswagen, Votorantim, Whirlpool
Dica Pesquise decisões que a empresa já tomou e a cultura dela

ENTREVISTA COM O PRESIDENTE
O que é
Após todas as etapas do processo seletivo, os candidatos são entrevistados pelo CEO e um grupo de vice-presidentes; são eles que dão a aprovação final para a contratação do trainee
Empresa que usa AmBev
Dica Pesquise a carreira dos executivos e a trajetória deles na empresa. Seja espontâneo, mas sem parecer arrogante

REDES SOCIAIS
O que é
A primeira etapa do processo. A empresa cria uma rede social própria na qual os jovens interagem entre si e com ela
Empresas que usam Brasil Foods, Natura, Reckitt, Santander
Dica Participe muito e fique atento ao que publica, principalmente fotos

COMPETIÇÃO
O que é Os candidatos se inscrevem para um jogo de negócios e são avaliados pelo desempenho na competição
Empresas que usam Chemtech, L'Oréal
Dica Não basta apenas mostrar criatividade. Leve em conta dados técnicos da empresa nas suas propostas

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Confira os caminhos para conquistar o 1º emprego

Tatiana Cavalcanti
do Agora

Conquistar o primeiro emprego nem sempre é uma tarefa fácil, e a qualificação profissional é exigida cada vez mais cedo. Especialistas apontam as carreiras relacionadas a informática, serviços, energia e indústria como as mais promissoras e as que mais oferecem oportunidades aos aprendizes.

No caso dos universitários, é importante ter alguma experiência na área, seja por meio de estágios ou programas de trainee. "É o melhor caminho para obter um emprego ao sair da faculdade", diz Vicente Bersito Neto, sócio da Companhia Contábil.

Para Marshal Raffa, diretor-executivo da Ricardo Xavier (de recursos humanos), não é fundamental entrar em uma empresa de grande porte logo no primeiro emprego. "As empresas de pequeno e médio portes são as plataformas ideais para o novato conhecer o funcionamento da empresa.

domingo, 14 de agosto de 2011

A Escolha da Profissão

sobre Educação por Tom Coelho
tomcoelho@tomcoelho.com.br

“Antigamente publicitário era aquele que tinha largado o curso de jornalismo.
Hoje, publicitário é o cara que largou o curso de publicidade.”
(Eugênio Mohallem)

Uma análise do Censo de 2000 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) feita pelo Observatório Universitário indicou a correlação entre a profissão exercida e o curso superior realizado pelos profissionais. Enquanto 70% dos dentistas, 75% dos médicos e 84% dos enfermeiros trabalham na mesma área em que se formaram, apenas 10% dos economistas e biólogos e 1% dos geógrafos segue pelo mesmo caminho.

Exame atento de outras profissões ainda nos indicará que apenas um em cada quatro publicitários, um em cada três engenheiros e um em cada dois administradores faz carreira a partir do título que escolheu e perseguiu.

É evidente que faltam vagas no mercado de trabalho. O emprego formal acabou. Nas décadas de 1960 e 1970 o paradigma apontava como colocação dos sonhos um cargo no Banco do Brasil, na Petrobras ou em outra empresa pública. Nos anos de 1980 experimentamos o boom das multinacionais e empresas de consultoria e auditoria que recrutavam os universitários diretamente nos bancos escolares. Já na década de 1990 o domínio de um segundo idioma, da microinformática e a posse de um MBA eram garantia plena de uma posição de destaque. Contudo, nada disso se aplica hoje.

As grandes empresas têm diminuído o número de vagas disponíveis e são as pequenas companhias as provedoras do mercado de trabalho atual. Ainda assim, a oferta de trabalho é infinitamente inferior à demanda – e, paradoxalmente, muitas posições deixam de ser preenchidas devido à baixa qualificação dos candidatos.

Assim como todos os produtos e serviços concorrem pela preferência do consumidor, os profissionais também disputam as mesmas oportunidades. Engenheiros que gerenciam empresas, administradores que coordenam departamentos jurídicos, advogados que fazem estudos de viabilidade, economistas que se tornam gourmets. Uma autêntica dança das cadeiras que leva à insegurança os jovens em fase pré-vestibular.

Há quem defenda a tese de que adolescentes são muito imaturos para optar por uma determinada carreira. Isso me remete a reis e monarcas que com idade igual ou inferior ocupavam o trono de suas nações à frente de grandes responsabilidades, diante de uma expectativa de vida da ordem de apenas 30 anos...

O que falta aos nossos jovens é preparo. Um aparelhamento que deveria ser ministrado desde o ensino fundamental por meio de disciplinas e experiências alinhadas com a realidade, promovendo um aprendizado prazeroso e útil, despertando talentos e desenvolvendo competências. Um ensino capaz de inspirar e despertar vocações. Ensino possível, porém distante, graças à falta de infraestrutura das instituições, programas curriculares anacrônicos e, em especial, desqualificação dos professores.

Em vez disso, assistimos a estudantes com 17 anos de idade, 11 deles ou mais na escola, que às vésperas de ingressar no ensino superior sequer conseguem escolher entre psicologia e comunicação social, entre arquitetura e educação física, entre veterinária e direito.

A escola e a família devem propiciar ao aluno caminhos para o autoconhecimento e descoberta da própria personalidade e identidade. Fornecer informações qualificadas e estimular a reflexão, exercendo o mínimo de influência possível. Muitos são os que direcionam suas carreiras para atender às expectativas dos pais, aos apelos da mídia e da moda, à busca do status e do sucesso financeiro, em detrimento da autorrealização pessoal e profissional. E acabam por investir tempo e grandes somas de dinheiro numa formação que não trará retorno para si ou para a sociedade.

Orientação vocacional não se resume aos testes de aptidão e questionários. Envolve conhecer as diversas profissões na teoria e na prática. Permitir aos estudantes visitarem ambientes de trabalho e ouvirem relatos de profissionais sobre os objetivos, riscos, desafios e recompensas das diversas carreiras. Tomar contato com acertos e erros, pessoas bem sucedidas e que fracassaram. Provocar o interesse e, depois, a paixão por um ofício.

Precisamos voltar a perguntar aos nossos filhos: “O que você vai ser quando crescer?” A magia desta indagação é que dentro dela residem os sonhos e a capacidade de vislumbrar o futuro.Aliás, talvez também devamos colocar esta questão para nós mesmos, pais e educadores.

A avaliação da aprendizagem como processo construtivo de um novo saber - fazer

sobre Educação por Lúcia Serafim
maluserafim@gmail.com

A partir do início do século XX, a avaliação vem atravessando pelo menos quatro gerações, são elas em sua evolução:

  • Mensuração: Não distinguia avaliação e medida. Nessa fase, era preocupação dos estudiosos a elaboração de instrumentos ou testes para verificação do rendimento escolar;
  • Descrição: Essa geração surgiu em busca de melhor entendimento do objetivo da avaliação. O avaliador estava muito mais concentrado em descrever padrões e critérios. Foi nessa fase que surgiu o termo “avaliação educacional”;
  • Julgamento: Questionava os testes padronizados e o reducionismo da noção simplista de avaliação como sinônimo de medida; tinha como preocupação maior o julgamento;
  • Negociação: Nesta geração, a avaliação é um processo interativo, negociado, que se fundamenta num paradigma construtivista. É uma forma responsiva de enfocar e um modo construtivista de fazer.

E neste contexto de historicidade é que se trabalha na compreensão de uma prática avaliativa cuja finalidade da avaliação, de acordo com a quarta geração é: fornecer, sobre o processo pedagógico, informações que permitam aos agentes escolares decidir sobre as intervenções e redirecionamentos que se fizerem necessários em face do projeto educativo, definido coletivamente, e comprometido com a garantia da aprendizagem do aluno.

Mudar a nossa concepção se faz urgente e necessário, deslocando também a idéia da avaliação do ensino para a avaliação da aprendizagem. Perrenoud (1993) afirma que mudar a avaliação significa provavelmente mudar a escola. Automaticamente, mudar a prática da avaliação nos leva a alterar práticas habituais, criando inseguranças e angústias e este é um obstáculo que não pode ser negado, pois envolverá toda a comunidade escolar.

A função nuclear da avaliação é colaborar para que o aluno aprende e ao professor, ensinar, determinando também quanto e em que nível os objetivos estão sendo atingidos. Para isso é necessário o uso de instrumentos e procedimentos de avaliação adequados (Libâneo, 1994).

O valor da avaliação encontra-se no fato do aluno poder tomar conhecimento de seus avanços e dificuldades. Cabe ao professor desafiá-lo a superar as dificuldades e continuar progredindo na construção dos conhecimentos. (Luckesi, 1999).

Para Hadji (2001) a passagem de uma avaliação normativa para a formativa, implica necessariamente uma modificação das práticas do professor em compreender que o aluno é, não só o ponto de partida, mas também o de chegada. Seu progresso só pode ser percebido quando comparado com ele mesmo: Como estava? Como está? As ações desenvolvidas entre as duas questões compõem a avaliação formativa.

É necessário que se perceba claramente que as metodologias se definem pelas intenções e formas de agir do professor. Assim, as tarefas avaliativas são instrumentos de dupla função para professores e alunos: Para o professor – elemento de reflexão sobre os conhecimentos expressos pelo aluno e elemento de reflexão sobre o sentido da sua ação pedagógica; Para o aluno – oportunidade de reorganização e expressão de conhecimentos e elemento de reflexão sobre os conhecimentos construídos e procedimentos de aprendizagem.

Considero pertinente realçar que na avaliação da aprendizagem, o professor não deve permitir que os resultados das provas periódicas, geralmente de caráter classificatório, sejam supervalorizados em detrimento de suas observações diárias, de caráter diagnóstico.

Acredito ser de extremo cuidado que o aluno possa ser mobilizado pelo professor a refletir sobre suas aprendizagens a partir de ações cotidianas como: comentários do professor em testes e tarefas e orientações para continuidade dos estudos; Solicitação aos alunos da narração de seus procedimentos de realização de tarefas, de estratégias de pensamento; discussão de diferentes respostas entre os estudantes; espaço para perguntas e solicitação de auxilio em temas de estudo; elaboração de exercícios, tarefas e questões pelos próprios alunos; definição de metas pessoais e coletivas de enfrentamento de dificuldades e avanços em determinadas áreas.

O professor, que trabalha numa dinâmica interativa, cooperativa tem noção, ao longo de todo o ano, da participação efetiva e produtividade de cada aluno. Como, em geral, a avaliação formal é datada e obrigatória, é preciso que se tenha inúmeros cuidados em sua elaboração e aplicação. Em síntese como afirma Perrenoud (1999 p. 165,) “O importante não ‘é fazer como se’ cada um houvesse aprendido, mas permitir a cada um aprender”.

Referências

HADJI, C. Avaliação desmistificada. Porto Alegre: Artes Médicas, 2001.
HOFFMANN, Jussara. Avaliar para promover: as setas do caminho. Porto Alegre: Mediação, 2001
LIBÂNEO, J.C. Didática. 15. Ed. São Paulo: Cortez, 1999.
LUCKESI. C.C. Avaliação da aprendizagem escolar. 9. ed.São Paulo: Cortez, 1999.
___________. Avaliação da aprendizagem escolar. 14 ed. São Paulo: Cortez, 2002.
PERRENOUD, P. Avaliação: da excelência à regulação das aprendizagens. Porto Alegre: Artmed, 1999.
___________.10 novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artmed, 2000.
__________. Não mexam na minha avaliação! Para uma abordagem sistêmica da mudança pedagógica. In: NÓVOA, A. Avaliação em educação: novas perspectivas. Porto, Portugal: Porto Editora, 1993.

As Redes Sociais e a Aprendizagem

sobre Cultura por Lúcia Serafim
maluserafim@gmail.com

Esta era que se articula como a da sociedade da informação e do conhecimento a que, mais recentemente, se acrescentou a designação de sociedade da aprendizagem se faz pelos desafios advindos com a presença da Internet e com ela as ferramentas que favorecem a criação de diversas redes sociais. Nesta sociedade o professor não é o único transmissor do saber e é chamado a situar-se nestas novas circunstâncias que, por sinal, são bem mais exigentes.

O aluno também já não é mais o receptáculo que absorve toda e qualquer informação proveniente, quase que exclusivamente, de seu professor. Este aluno precisa também aprender a gerir as informações que lhes são chegadas de modo a transformá-las em seu saber. E a escola que congrega estes dois novos componentes, o professor e o aluno da era da informação, comunicação e conhecimento, precisa ser gerida como uma outra escola, ou seja, como organização, ela tem de ser um sistema aberto, pensante e flexível no tocante a si mesmo e a sociedade a qual se insere.

A escola, no contexto social de hoje, apresenta-se bem diferente da escola de alguns anos atrás. Muitas ferramentas têm sido inseridas como material didático-pedagógico e entre elas está o computador. O computador por si só, não contribui significativamente no processo de ensino-aprendizagem, ou seja, ele não substitui o professor, não dá aula simplesmente por se tratar de uma ferramenta de aprendizagem. Mas, em se tratando de sistemas, o computador hoje desempenha muitas funções sociais. Não dá mais para imaginar como seria viver sem o uso desta máquina que está presente em todos os setores sociais. E não poderia ser diferente com a escola. O uso do computador, mas precisamente da Internet, é imprescindível para a escola imersa nesse contexto social.

Embora haja total acordo entre os teóricos da atualidade quanto ao uso do computador na educação, bem como toda a tecnologia que lhe acompanha, em especial os softwares educacionais, ressalta-se que eles não substituem o professor. Mesmo possuindo programas bastante didáticos e levando o aprendiz a ser autônomo com relação ao conteúdo que se deseja aprender, ainda assim, ele não substitui o docente.

Porém, a postura, mais especificamente, a função do educador frente às novas tecnologias da informação e comunicação precisa ser reavaliada e resignificada pois para o mesmo, é oportuno que aprenda a administrar e compreender que a massa estudantil já está se apropriando muito cedo dessas tecnologias, os chamados “nativos digitais”.

A Internet, entre tantas outras tecnologias de comunicação atual, está amplamente difundida e favorece sobremaneira a formação das chamadas redes social. Pessoas de todo o mundo estão conectadas em rede através de sites de relacionamento e compartilham as mais variadas informações e os mais diversos interesses. É incrível a capacidade de ligação entre pessoas que a Internet propicia. Indivíduos que nem ao menos pensariam em conhecer-se, ou porque precisariam transpor até mesmo continentes para isso, ou porque não falam o mesmo idioma, mas na rede mundial de computadores existe a facilidade para superar estes e outros obstáculos.

As redes sociais do ciberespaço formadas a partir de sites sociais vem sendo alvo de estudas em todo o mundo, tais como: educadores, antropólogos, psicólogos, sociólogos entre outros. Elas estão cada vez mais presentes no cotidiano dos indivíduos em suas multiformes: por um site bancário, por sites de relacionamento: Google, Facebook Orkut, Twitter, Windows Live Hotmail, ou seja, por um site qualquer, basta ter uma conta de e-mail.

Já é possível se pensar e evidenciar que a participação de um indivíduo em redes sociais do ciberespaço pode ajudá-lo na aquisição do conhecimento de um dado assunto, seja ele qual for, e o quanto o professor pode aproveitar deste fenômeno social, para enriquecer sua prática pedagógica cotidiana. E neste sentido, é importante que os professores conheçam, se apropriem dos seus conceitos e finalidades e dos softwares usados como ferramentas em sua constituição. E ainda que haja interesse por sua topologia, para poder compreender que todo e qualquer indivíduo que faça uso da Internet e que tenha um serviço de e-mail, está por consequência em rede social no ciberespaço. Então professor? Não dá para ficar fora desta rede humana...

Antropologia Cultural: Contribuições a Educação Afro-Brasileira e ao Estudo dos Quilombos


sobre Cultura por Wellington Amâncio da Silva
welliamancio@hotmail.com

Pluralidade Cultural e Educação

Temos observado com grande entusiasmo o surgimento de um novo paradigma que pode nortear a pedagogia e demais ciências humanas, principalmente nas áreas de Educação e Ecologia e Etnicidade. Essa observação não termina aí, pois nossa participação se faz necessária quando da satisfação dignificante em contribuir para o seu desenvolvimento. Nomes como Paulo Freire, Leonardo Boff, Néstor García Canclini, Fritjof Capra, Moacir Gadotti, Jacques D’adesky, entre outros, São os precursores de um manifesto globalizante onde ressoa as vozes da terra e dos seres da natureza, dos oprimidos e desfavorecidos, dos apaixonados e dos bons em um coral uníssono conclamando a igualdade de uma forma holística.

Nestes nos inspiramos e a partir de suas teorias lançamos um novo olhar sobre as comunidades quilombola, como forma de contribuir para o fim de um erro histórico e para a o reconhecimento dos seus valores e ideais. Em vista disso, citamos um belo conceito contido nos Parâmetros Curriculares Nacionais ao assinalar com propriedade que:

A temática da Pluralidade Cultural diz respeito ao conhecimento e à valorização das características étnicas e culturais dos diferentes grupos sociais que convivem no território nacional, às desigualdades socioeconômicas e à crítoca às relações sociais discriminatórias e excludentes que permeiam a sociedade brasileira. (PCNs, p.19).

O boicote ideológico, político e econômico às manifestações de caráter étnico e cultural das comunidades quilombolas, por exemplo, constitui-se em uma violência quanto à pluralidade de culturas no Brasil e um crime contra o afrodescendente. Não queremos dizer que o Brasil tem muitas caras no sentido de raças – o que pode soar como separação, observação vertical, ou que o país é constituído por blocos culturais herméticos, queremos postular que a valorização desta Pluralidade Cultural constitui-se na restauração das características genuínas do país, visto que esta “quer dizer a afirmação da diversidade como traço fundamental na construção de uma identidade nacional (p. 19)”, pois nossa identidade nacional fora fragmentada através desses séculos de racismo institucionalizado.

Uma identidade é um corpo de características próprias construídas através de séculos de relações sociais, de tentativas de erros e acertos, de aperfeiçoamentos e de aceitação do outro. Falamos de unidade em diversidade, pois a comum união destas num só Brasil promoverá a cidadania para todos os cidadãos. A respeito dessa unidade cultural o PCN deixa claro que: “o que se almeja, portanto (...) não é a divisão ou o esquadrinhamento da sociedade em grupos culturais fechados” (...) (p.21). “A pluralidade de forma de vida”, pelo contrário, promove um enriquecimento em vários aspectos e em várias instâncias da vida e do convívio igualitário como forma emancipatória de uma nação em relação aos fatores internacionais de monopólio, de hegemonia e de estereótipos.

Porque a revisão de conceitos e o abandono (dado pelo reconhecimento crítico) de certas tendências racistas nas pseudociências sejam elas racionalista cartesiana, positivista ou empirista, promoverá em seguida nossa emancipação científica. Para isso é preciso ter em mente o tamanho do projeto de transformação da sociedade, visto que não é individual nem tarefa dos assim chamados intelectuais, porque “mudar mentalidades, superar o preconceito e combater atitudes discriminatórias são finalidades que envolvem lidar com valores reconhecidos e respeito mútuo, o que é tarefa para a sociedade como um todo”. (id, ibid. p. 23).

A escola pode contribuir grandemente tendo em vista a atual oportunidade de mudar sua tendência histórica e unilateral de reproduzir ideologias de classes hegemônicas. Ainda hoje, “amparada pelo consenso daquilo que se impôs como se fosse verdadeiro, o chamado, criticamente, ‘mito da democracia racial’, a escola muitas vezes silencia diante de situações que fazem seus alunos alvo de discriminação, transformando-se facilmente em espaço de consolidação de estigmas”. (id. ibid. p. 24), esse fato tem inculcado nos alunos, vítimas ou não destes traumas, concepções saturadas de erro que reforçam o distanciamento abismal entre pobres e ricos entre oportunidades e abandono social. No entanto, “combater o racismo, trabalhar pelo fim da desigualdade social e racial, empreender reeducação das relações étnico-raciais não são tarefas exclusivas da escola”. (Diretrizes Curriculares Nacionais p.14).

Quando do processo de pesquisa de campo observamos que no livreto “Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro- Brasileira e Africana”, havia uma definição para a compreensão do termo “étnico”:

Na expressão étnico-racial, serve para marcar que essas relações tensas devidas a diferenças na cor da pele e traços fisionômicos são também devido à raiz cultural plantada na ancestralidade africana, que difere em visão de mundo, valores e princípios das origens indígenas, européias e asiáticas. (p. 13).

Esses valores e princípios típicos da origem indígena originais à localidade, não entraram em conflito como os valores e princípios de ancestralidade africana. Em vista disso, os primeiros descendentes quilombolas que ali acamparam se relacionaram com os ancestrais indígenas e os absorveram cultural e geneticamente, não perdendo, portanto, suas características essenciais quanto à cultura e quanto à etnicidade. No entanto, a cultura de matiz áfrica justificada pelo nome de “quilombo” e não pelo nome de aldeia é o que ficou para nós como referência ao passado daquela localidade, mesmo não havendo indícios de cultura quilombola, visto que essa foi absorvida pela cultura comum.

Em ultima instância, e quanto matizes culturais inerentes uma etnia específica, foi observado que os moradores do povoado perderam esses matizes de forma que já não é possível definir o que é quilombola e o que não é. Mesmo tendo sua ancestralidade africana e indígena, é visível que absorveram a cultura comum veiculada pelos meios de comunicação disponíveis, estando de tal forma, “urbanizados”, a ponto de não se identificarem e se reconhecerem na e com as manifestações quilombolas. Isso se reflete em uma série de preconceitos velados contra a cultura afro-brasileira.

Geograficamente o povoado se expandiu a partir da comunidade quilombola, e desta só restam resquícios arquitetônicos muito degradados que demonstram construções em alvenaria. Hoje, o povoado Cruz traz essas lembranças a partir dos mais velhos, não apresentando o desejo de resgatar a cultura ancestral quilombola, são somente lembranças que se apagam entre as novas gerações de moradores, visto que todo o povoado tem mais ou mesmo as características culturais da cidade de Delmiro Gouveia. Este fato reforça a tese de Muniz Sodré ao assinalar que a cultura de massa tem a tendência a apagar a cultura nativa para tomar espaço. Assim a cultura nativa que se construiu a partir da terra e do modo de produção agrário e de caça e pesca, já não encontra o seu lugar naquela localidade (salvo a apicultura muito forte ali). Além da pesca, o que faz a manutenção do povoado são os benefícios de aposentadorias, o salário de quem trabalha no município, a Bolsa Escola, a Bolsa Família e benefícios do tipo. É certo que juntamente com esses benefícios, que causam boa impressão, a acessibilidade e facilidade aos meios de comunicação eletrônicos tenham ajudado a esquecer algumas características essências de etnicidade quilombola a ponto de não identificarmos, à priori, em seus traços mais gerais.

Discussão Conceitual

Antes de apresentar a comunidade a qual daremos inicio ao estudo de suas características culturais e sociais, queremos circunscrever algumas definições a partir de certas determinações da antropologia cultural quando se diz, entre outros conceitos pertinentes, que “cultura consiste nas formas de pensar, sentir e agir, socialmente adquiridas, dos membros de uma determinada sociedade”, e ainda que “as culturas mantêm suas continuidade mediante processos endoculturais”. (Harris, 1990, p.12). Por endoculturação se entende o processo de amadurecimento e aprendizagem dos indivíduos através das várias fases da sua vida dentro de sua comunidade, adquirindo paulatinamente os aspectos culturais característicos e, ao reproduzi-los, contribui para a preservação desta. Quanto à forma de relacionar diferentes culturas, Cassirer adverte que “não podemos “medir” a profundidade de uma rama especial da cultura se não for precedida de uma análise descritiva. “A visão estrutural da cultura deve anteceder a visão meramente histórica”, Pelo fato de que:

Todas as obras humanas surgem em particulares condições históricas e sociais e não compreenderiam jamais estas condições especiais se não fossemos capazes de captar os princípios estruturais gerais que se acham na base destas obras. (Cassirer, 1997, p. 109)

Gilberto Freyre ((1973) comentava acerca dos “traços que não são expressão pura ou absoluta de uma raça ou sexo, mas principalmente de estratificação cultural, de harmonização do homem com o meio, de ajustamento ecológico, de deformação social do indivíduo pelo grupo e pelo meio”.

O característico do ser humano, aquilo que realmente o distingue, não é sua natureza metafísica ou a física, mas seu agir. Este agir, o sistema de atividades humanas, define e determina a esfera do ‘ser humano’. Linguagem, mito, religião, arte, ciência, história são os elementos constitutivos, os diversos setores desta esfera. (Cassirer, citado em Arlt, p. 81).

Laraia expõe alguns pontos de vista acerca do entendimento antropológico da cultura explicando o conceito evolucionista de cultura humana assinalada por Boas que “desenvolveu o particularismo histórico, segundo o qual cada cultura segue os seus próprios caminhos em função dos diferentes eventos históricos que enfrentou. (p.37). E expõe seu próprio conceito (baseado numa tendência materialista histórico e dialético) ao afirma que “o homem é o resultado do meio cultural em que foi socializado”, pois como assinala, “ele é um herdeiro de um longo processo acumulativo, que reflete o conhecimento e a experiência adquiridos pelas numerosas gerações que o antecederam”. (p. 45).

Partindo dessas premissas, é importante observar que as representações culturais se dão essencialmente a partir do sujeito e de sua ação no mundo, ao passo que investigar as manifestações culturais em si esvazia seus significados. Tomando como referência a afirmativa de Cassirer quanto ao fato de não comparar antagonicamente ramas de culturais diversas por causa de suas específicas funções sociais, é importante observar que o sujeito social, dentro de uma cultura ainda não industrial, encontra subsídios, isto é, liberdades para tornar-se sujeito histórico na medida em que se apropria com facilidade desta cultura para dar sentido a sua ação, visto que a razão de ser desta é justamente tornar-se meio para o qual se dá à empatia entre os membros da comunidade em fincão das suas necessidades e aspirações, essa cultura não é alienada, externa, outra, mas essencialmente se confunde com os próprios sujeitos porque deles é subjacente. Porém há grande dificuldade de uma cultura e sua etnicidade perdurar diante da ação invasiva da Indústria Cultural e sua coação capitalista, justamente porque com a cultura de massa vem à escola para reforças dicotomias e comparar, de forma desonesta, a cultural de uma comunidade como inferior à cultura (institucionalizante) que estará a serviço da classe hegemônica – cultura de massa tende a homogeneizar culturas diferentes e etnias sufocando as possibilidades e emancipação e construção de identidades. Dessa forma, nos perguntamos até que ponto fora preservado o Ethos cultural da Comunidade Quilombola do Povoado Cruz, desde a partida de seus ancestrais (primeiro da comitiva de Dom Pedro II e logo após, do Quilombo dos Palmares) e, o quanto é possível observar com segurança essas matizes em relação à cultura comum do Município de Delmiro Gouveia, visto que é natural ocorrer intercâmbio, ou mesmo, uma ceder espaço a outra:

É característico da cultura ser dinâmica, o que se relaciona com a extraordinária mobilidade humana. A cultura de um grupo parece sempre animada de uma espécie de impulso de expansão ou de disseminação e de uma grande capacidade de contagiar a cultura de outro grupo. (Freyre, 1973, p. 12).

Segundo Christiano Barros (2008), “hoje o conceito atual de quilombola é mais amplo para reparar uma injustiça histórica. Quilombolas são grupos étnicos constituídos principalmente por uma população negra, que se auto definem a partir das relações com a terra, o parentesco, o território, a ancestralidade, as tradições e as práticas culturais próprias", Partindo dessas premissas é possível resgatar ou recompor a tradição anterior através da história oral, das músicas, das danças, dos contos, e até mesmo, da culinária, das vestes e das expressões verbais, sendo que aqui priorizamos a história oral como forma de resgatar as vivências e interpretações dos fatos passados, mesmo quando cotejamos com a cultura alheia posterior:

(...) a história oral de vida é o relato de um narrador sobre sua existência através do tempo. Os acontecimentos vivenciados são relatados, experiências e valores transmitidos, a par dos fatos da vida pessoal. Através da narrativa de uma história de vida, se delineiam as relações com os membros de seu grupo, de sua profissão, de sua camada social, da sociedade global, que cabe ao pesquisador desvendar. (Lang 1996, p. 34, citado em Cassib)

Estudar a comunidade, mesmo tendo em vista a necessidade de fugir dos “vícios” métodos-teóricos da ciência racionalista, isto é, ao investigar tal comunidade, seu povo e sua cultura como objetos, temos outro agravante: ainda nos recaem certos cuidados psicológicos condicionantes quando “ao estudar as diferenças culturais é importante ‘manter-se em guarda’ diante dos hábitos mentais chamados etnocentrismo. (Harris, 1990, p. 12), pois, quanto a sua forma ideológica “devemos estar alerta contra a política etnocêntrica que às vezes toma o nome da Ciência em vão” (Freyre, 1973, p. 09). Em vista disso é possível antever a dificuldade do ofício de pesquisar culturas tradicionais, principalmente quando da necessidade de olhar sob prisma da Antropologia, Ainda gostaríamos de reforçar os cuidados quanto ao entendimento de cultura popular sem generalizá-la ou compará-la como inferior à cultura elitista, já que essa última bebe geralmente na fonte popular. O senso comum afirma que esta última é mais elaborada, mas sofisticada (expressão vazia) e mais racional, entretanto, sob quais aspectos a cultura popular é inferior a qualquer outra cultura? Ora, a cultura popular não é estática, visto que:

O "popular" não está contido em conjuntos de elementos que bastaria identificar, repertoriar e descrever. Ele qualifica, antes de mais nada, um tipo de relação, um modo de utilizar objetos ou normas que circulam na sociedade, mas que são recebidos, compreendidos e manipulados de diversas maneiras. Tal constatação desloca necessariamente o trabalho do historiador, já que o obriga a caracterizar, não conjuntos culturais dados como "populares" em si, mas as modalidades diferenciadas pelas quais eles são apropriados. (Chartier, 1995, p. 06).

A essas modalidades de apropriação dos elementos que compõem sua cultura (do campo) são diferenciadas do modelo de cultura da cidade que tem sua função maior como reprodutivista dos modelos da classe dominante para a manutenção do status quo; Isso deve ser levado em conta pelo pesquisador.

A respeito da cultura como “um dos termos mais difíceis de definir de maneira completa e unívoca” (...), porque se “avulta e passeia sinuoso e esquivo, por todos os campos do saber” (Vannucchi, p.22) ainda mais requer cuidado quando a cultura se acrescenta o termo “popular”, visto que pode ser viciado por concepções ideológicas que corrompem a exposição de realidades: Visto que em nossa sociedade e sob a ótica do olhar hipertrofiado da cultura hegemônica temos alguns exemplos:

O popular é nessa história o excluído: aqueles que não têm patrimônio ou não conseguem que ele seja reconhecido e conservado; os artesãos que não chegam a ser artistas, a individualizar-se, nem a participar do mercado de bens simbólicos “legítimos”; os espectadores dos meios massivos que ficam de fora das universidades e dos museus,”incapazes” de ler e olhar a alta cultura porque desconhecem a história dos saberes e estilos. (Canclini, 2008, p. 205)

Porém, é certo afirmar que dada cultura popular, especificamente ao ambiente quilombola, primeiramente tem sua utilidade e significados imanentes ao seu estilo de vida, pois evoluíram como representações simbólicas deste e neste ambiente, e ainda estão profundamente ligadas ao modo de produção do campo e do quilombo, inter-relacionadas aos seus ritos e linguagens, às suas tradições e mitos, e geralmente dinamizadas como artifícios inteligentes para a manutenção social, todos estes aspectos da cultura popular estão coletivizados para subsistência. Mas a apropriação da cultura pelos sujeitos dessas tradições por endoculturação pode ser transformada quando sujeita a hibridação com elementos de outras culturas como a cultura tipicamente indígena presente no Nordeste ou mesmo posteriormente da cultura de massa, segundo a exposição dos indivíduos aos meios de comunicação, como TV, Rádio, celular, que adentram suas comunidades.

A História Oral como Registro dos Fatos

A respeito de um dos mais importantes modos de reproduzir a cultura de uma forma muito dinâmica, temos a História Oral, - com iniciais em letras maiúsculas no intuito de fazer justiça, em importância e função, a Historia como disciplina. As representações da História Oral, grosso modo, se confundem com fato e mito, com objetividade e subjetividade, com coletividade e individualidade e com passado e presente, de maneira que o sujeito é gestor da sua história e colaborador (no sentido de co-labor) da história social do grupo ao qual convive, tornando o existir, o ser e o agir uma relação multidimensional da história e do mito e entre os seus. A respeito do mito e o preconceito que se tem contra ele como menos importante que a história, Cassirer (1946) citando Max Miller, assinala que “o mito é inevitável, é natural e é uma necessidade inerente da linguagem, se nós reconhecermos na linguagem uma forma exterior de pensamento”. (p. 05), Maria Lucia de Arruda Aranha (2000) exemplifica através das tradições e rituais (casamento, aniversários, festas de formaturas) presentes em nossa sociedade, que “o mito ainda faz parta de da nossa sociedade, como uma das formas indispensável do existir humano” (p. 55), então damos importância ao mito como representação das características particulares de uma sociedade levando em conta não o seu grau de “civilização”, mas e sua maneira de expressar-se e dar significado as relações de igualdade entre seus membros, visto que é um dos aspectos da cultura.

A história oral é socializada através dos mecanismos das reminiscências, das emotividades, da memória involuntária e da Memória, dos gestos, dos cantos e poemas verbais, sendo todos estes eficientíssimos mecanismos pedagógicos de aprendizagem e reflexão, intensos em sua formação ética e funcional para a vida comunitária, assim, sua história não é alienada porque não gesta fora do indivíduo e segundo intentos alheios.

Ainda, a História Oral propicia aos membros da comunidade, a elaboração e o desenvolvimento de significados e caminhos através de senhas específicas que ativam reminiscências no interlocutor e na comunidade a partir, por exemplo, de uma cantiga, ou de uma descrição de um fato do passado, sendo que estas reminiscências são trazidas à existência (cultura) geralmente pela fala dos mais idosos, (que são respeitados não por se tornarem “oráculos” da tradição oral). Então, no campo de estudo dos aspectos étnicos das comunidades quilombolas, a história não pode ser fragmentada para a análise simplista, visto que por estar interligada aos vários aspectos daquela comunidade torna-se o esteio pelo qual essa se caracteriza: “É evidente que compilar fontes orais é uma atividade que aponta para a conexão existente entre todos os aspectos da história e não para as divisões entre elas”. (Thompson, 1992, p.92)

Quanto à estrutura da história escrita em sua acepção cartesiana, entendemos que esta é mais cumulativa – porque tende a registrar em arquivos “estáticos” as memórias de uma sociedade, por outro lado, a história oral se refaz e se recria sem perder a essência dos acontecimentos passados. Assim, assinalamos um pensamento de Ecléa Bosi, ao sugerir que “o que foi não é uma coisa revista por nosso olhar, nem é uma ideia inspecionada por nosso espírito – é alargamento das fronteiras do presente” (p. 18). Dessa forma, entendendo o ontem e o hoje como uma relação constante que nos trás a ideia de existir, de ser e de agir, quebrando a “lógica” dicotômica do arcaico e do moderno como coisas à parte, para serem contempladas.

Outro aspecto interessante da oralidade é que as comunidades mais isoladas da “civilização” não vêem ainda a necessidade de registrar sua história de forma convencional mesmo quando a escola e outras instituições pregam o contrário – o que é uma tensão ideológica de forças. Dentro dessa lógica, há quem afirme que existam histórias para serem escritas e histórias para serem contadas, se for assim, as histórias escritas representariam a versão de realidade dos vencedores em detrimento da verdade dos vencidos; e as histórias orais representariam a versão de realidade de uma comunidade para si – sendo que esta comunidade por estar ligada a campo e não a cidade, não se interessa em discutir verdades distintas, visto que a verdade, primeiro brota da terra através dos preciosos mantimentos e em seguida se manifesta através do trabalho e da cooperação, por fim, é representada culturalmente nas celebrações de gratidão à bonança da natureza, entretanto pelos aspectos culturais do ser humano, ele “está além da natureza e, no entanto, permanece parte dela” (Arlt, 2008, p. 191), este “além da natureza” refere-se ao fato da capacidade do sujeito observar externamente ao mesmo tempo em que é “parte dela” sendo impossível desassociação, portanto, não pode existir dicotomia entre cultura e natureza.

Um aspecto da oralidade é que ela promove uma capacidade diferenciada de memória. Os mecanismos de memorização específicos da fala demonstram uma habilidade mental incomum de fazer vir à tona fatos passados de maneira muito vívida, por exemplo, ao aconselhar os mais jovens ou ao resgatar a história dos antepassados. Esse tipo memória é incorporado à outra: com a escola, é posta à comunidade quilombola a necessidade de ler e escrever como forma de aquisição de conhecimentos qualitativos e quantitativos, enquanto pela educação informal (ou genuinamente do campo) propicia conhecimentos apenas qualitativos.

Referências

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VANNUCCHI, Aldo. Cultura Brasileira: O que é, e como se faz. São Paulo: Loyola, 1999.

Como Vencer uma Entrevista de Emprego

sobre Carreira por Ari Lima
jari_limaj@yahoo.com.br

O seu desempenho durante a entrevista será mais importante que o currículo, ou o resultado nos eventuais testes psicológicos utilizados pela empresa contratante. Mesmo que, até aquele momento do processo seletivo, você esteja em desvantagem na concorrência direta com outros candidatos, uma entrevista bem preparada poderá virar o jogo a seu favor.

A questão é como se preparar adequadamente para uma entrevista de emprego? Para responder a esta pergunta precisamos analisar e trabalhar três aspectos principais: preparar sua presença física para a entrevista, preparar a venda de sua pessoa como se fosse a venda de um produto, e finalmente obter o máximo de informações sobre a empresa e seus concorrentes para utilizar durante a entrevista.

A presença física é como a embalagem de um produto, precisa ser atraente e adequada ao cargo que pretende ocupar. Não estamos defendendo que você precise ser um modelo de beleza, mas simplesmente que procure passar uma impressão favorável desde o primeiro momento. Vestir-se com bom gosto e de forma adequada ao cargo que pretende ocupar, e observar os cuidados básicos sobre higiene pessoal, sem exageros com pintura e perfumes.

Além disso, uma postura pessoal de entusiasmo, auto-confiança e a maneira de expressar-se segura e objetiva, poderão causar um impacto positivo no seu entrevistador. Está provado cientificamente: mais importante do que o conteúdo de nossas palavras é a forma como nos expressamos. Portanto, mostre paixão pelas suas idéias, demonstre entusiasmo pela possibilidade de vir a trabalhar nesta empresa, e confiança em sua capacidade de estar a altura do cargo que pretende. Todos estes fatores terão grande impacto em seu entrevistador.

Com relação ao processo de venda, a sugestão é a seguinte: dê bastante ênfase aos benefícios que o produto você - poderá trazer para o cliente - empresa. Relacione, antes da entrevista, todas as suas qualidades pessoais, habilidades, talentos naturais e adquiridos ao longo dos anos. Esteja preparado para mencioná-los durante a entrevista, relacionando-os ao desempenho de suas futuras tarefas.

Pôr exemplo: se você é uma pessoa organizada e perfeccionista, cite este fato como um benefício para a empresa. Mostre como seria bom ter alguém no quadro de funcionários, que poderia contribuir significativamente com a empresa, tornado-a mais organizada ainda. Portanto, destaque suas qualidades que possam ser vistas como beneficio real para a empresa.

Finalmente, sugerimos que procure conhecer mais a fundo a empresa e o mercado em que está inserida. Você pode recorrer à internet, revistas especializadas, fornecedores, associação comercial ou sindicato da categoria, para obter informações que possam ajudá-lo a se preparar para a entrevista. Um conhecimento profundo, do mercado e da empresa, desperta o interesse pela sua pessoa, e pode ajudá-lo a preparar as argumentações ao vender suas qualidades pessoais.

Em suma, acredito que, durante um processo de seleção, o candidato, mesmo em desvantagem de currículo, pode virar o jogo a seu favor se causar uma boa impressão pessoal no entrevistador. Para isso é preciso vender os benefícios que sua contratação trará à empresa. Portanto, só resta agora preparar-se adequadamente, e boa sorte!